O que é e como tratar o lábio leporino?
Se não tratada no período correto, divisão no lábio superior pode deixar sequelas graves, mas, com acompanhamento correto, reabilitação pode ser total.
O lábio leporino é uma divisão no lábio superior, entre boca e nariz, que ocorre porque as duas partes do rosto do bebê não se uniram adequadamente durante a formação. É possível fazer o diagnóstico das fendas labiopalatinas ainda durante a gestação, a partir da 14ª semana, por meio de ultrassonografia. Porém, a maior parte dos diagnósticos só é feita depois do parto, ocasionando mais dúvidas e incertezas para os pais.
O que caracteriza o lábio leporino?
Lábio leporino é nome popular da fenda ou fissura labiopalatina, que consiste em malformações congênitas, que ocorrem no período inicial de desenvolvimento do embrião e leva à ausência de fusão das estruturas faciais, causando deformidades no lábio, nariz, gengiva e palato (“céu da boca”). Essas fissuras podem ocorrer de forma isolada ou são associadas a síndromes genéticas. Sua incidência no Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é de cerca de um em cada 650 nascidos no país. Assim, ela é a deformidade congênita mais comum na face.
Possíveis causas das malformações
Ainda não são conclusivas as possíveis causas para se diagnosticar essas anomalias, porém, sabe-se que alguns fatores de risco podem estar envolvidos: deficiências nutricionais e algumas doenças maternas durante a gestação, bem como radiação, excesso de medicamentos, álcool, fumo, e hereditariedade.
Como deve ser o tratamento da fissura labiopalatina?
Mais que um problema estético, as fissuras labiopalatinas podem causar má nutrição, distúrbios respiratórios, de fala e audição, infecções crônicas e alterações na dentição. Além disso, elas podem ser responsáveis por problemas emocionais, de sociabilidade e autoestima.
Por isso, o tratamento requer abordagem multidisciplinar, isto é, a participação de especialistas na área de cirurgia plástica, otorrinolaringologia, odontologia, fonoaudiologia, por exemplo.
Em alguns casos, a cirurgia para reparação do lábio leporino deve ser realizada logo nos primeiros meses de vida do bebê -- desde que ele esteja saudável.
Já a fenda palatina deve ter sua reconstrução realizada quando a criança está com cerca de um ano, porque envolve uma estrutura óssea que não deve ser mexida antes disso, para que não seja comprometido o crescimento da região. O fechamento da fenda pode ser realizado em até dois procedimentos, com intervalo de alguns meses entre as operações.
Dessa forma, lábio e parte do nariz são reconstruídos logo após o nascimento, e o céu da boca, depois de um ano. Porém, é importante destacar que o tratamento é longo e só termina com a consolidação total dos ossos da face, aos 17, 18 anos.
Durante todo esse tempo, os portadores de fissuras oronasais devem ser acompanhados por especialistas em diferentes áreas, especialmente por cirurgiões plásticos, fonoaudiólogos e ortodontistas.
Importância do cirurgião plástico devidamente habilitado
É importante ressaltar que toda cirurgia traz riscos, mas eles podem ser reduzidos ao máximo se o profissional for qualificado e experiente. Por isso, é imprescindível que o cirurgião tenha sido treinado especificamente no campo da cirurgia plástica e seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Além disso, é importante que os pais entendam que a relação do paciente com o cirurgião não acaba ao término da cirurgia. Modificações podem ocorrer com o passar do tempo. Por isso, devem ser realizadas consultas regulares para acompanhamento do pós-operatório.